quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Obras explosivas

Turma A da Cobrex apresentou 22 relatos
Por Bruno Marinho

Nesta quinta-feira, dia 11, foi o dia do “vamos ver” do pessoal da turma A, no bairro Cobrex. Depois da dinâmica na terça-feira, os participantes da gincana receberam como tarefa trazer histórias de obras que marcaram suas vidas. Eles nos encheram com seus contos. Vinte e dois dos 30 jovens presentes participantes fizeram relatos de obras em suas casas. Houve histórias de todos os tipos.

Uma delas foi a obra assassina da casa do tio de Daniele Costa. Ela foi parar no Hospital da Posse por causa do banheiro que seu tio Rogério começou a construir no banheiro no quintal que compartilham.

- O dinheiro acabou e ele deixou um muro sem coluna – contou ela, que na época tinha oito anos. – Fui buscar um brinquedo que meu irmão esqueceu no banheiro em construção e, quando passei pelo muro, ele caiu em cima do dedão do meu pé.

Em seguida, foi a vez da sua irmã Camila furar a cabeça no vergalhão da obra do tio e, para evitar novos acidentes, o pai achou por bem construir um muro no meio do quintal para separar seus filhos daquela obra assassina.

Castigo de Deus

Também apareceram histórias místicas, como foi o caso do longo relato de Ester dos Santos. Com o título de “Deus castiga ou não!”, a obra sobre a qual Ester falou remonta ao ano de 2004. Tudo aconteceu em um mês.

- Nós fazíamos dez fileiras de tijolos, mas, quando íamos virar o concreto no dia seguinte, oito tinham caído.

As dificuldades iam da água para a massa até a sombra para descansar. Como se não bastassem todos os percalços, um raio caiu um mês depois no telhado recém-construído e deixou uma cratera.

- O pior é que dessa vez a gente teve que se virar sozinho por causa de uma piada que meu marido contou sobre os crentes um pouco antes desse temporal que arruinou nossa obra – contou Ester. – A gente teve que se virar com uma telha de alumínio.


Pedreiros abusados

Luana Eliseu contou uma das muitas histórias sobre pedreiros que não cumprem os tratos assumidos. Foi numa obra contratada pelo seu padrasto há cerca de quatro anos, que ingenuamente ficou feliz da vida com os primeiros resultados do muro e do banheiro construídos em um mês.

- Para economizar o material, o pedreiro aproveitou o muro para parede do banheiro – disse Luana. – Na primeira chuva forte, meu padrasto ouviu um barulho muito forte quando estava assistindo televisão. Ele correu para o quintal e se deparou com o muro e o banheiro em cima das duas bicicletas dele e do cachorro.

O padrasto de Luana sentiu vontade de esganar o pedreiro quando ouviu a desculpa furada dele.

- O pedreiro disse que não tinha culpa por que não enxergava direito.

O mesmo pedreiro seria contratado pelo padrasto de Luana um ano depois, quando a família se mudou para uma casa nova. Sentindo-se fortalecido com o novo convite, o pedreiro chegava às 10 horas querendo tomar café da manhã e, depois de almoçar com a família, ia fazer a sesta embaixo do pé de acerola. Apesar do tratamento vip, a obra deixou como saldo uma janela na altura da cintura, uma porta de ponta cabeça e uma parede excessivamente grossa, onde todos se arranham ao passar.

- Ele ainda era metido a eletricista e por causa dos seus gatilhos a cozinha pegou fogo – lamentou Luana. – Ele ainda ficou com raiva da minha família e nunca mais apareceu lá em casa.


Volta da correria

“Uma chuva inesquecível” foi o título da história contada por Susana Alberto Gaspar, sobre as obras que sua família teve que fazer depois do temporal que começou a cair às dez da noite do dia 26 dezembro de 2003, logo inundando a sua rua e a própria casa.

- Foi a maior correria para sairmos, pois a pressão da água estava forte e arrastava tudo pela frente – narrou Susana. - Fomos para a varanda de uma vizinha, a Dona Nilda.

Na volta, a família registrou muitos prejuízos. Mas nenhum deles se comparava à queda da parede da cozinha, tão antiga quanto a casa em que moram ainda hoje.

- Meu pai e meu tio chamaram um pedreiro e em dois dias ele ergueu a parede.- lembrou Susana.

O pedreiro que bebeu cloro dado pelo próprio filho pode ser catalogado na categoria de histórias inusitadas.

- Meu pai queria reformar a casa que iríamos morar – contou Cosme Pereira. – Ele chamou Paulo, um pedreiro conhecido dele. Em um dia, Paulo estava cortando pisos quando recebeu a visita do filho. Com sede, Paulo pediu um copo de água. O filho levou um copo colorido cheio de água. O pai bebeu e morreu três meses depois.

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